Cuba é um destino familiar. Tem praia, hotéis resort com kids club e animação e os cubanos adoram crianças. Até a alimentação agrada facilmente aos mais pequenos, arroz, fruta e frango não faltam. Por aqui parece o destino ideal, já que as suas praias têm um areal extenso, águas cristalinas e uma temperatura apelativa.
Para nós há alguns senões… as horas de viagem (9:30 de Madrid), o fuso horário (menos 4 horas), a qualidade das estradas e as longas distâncias para quem quer explorar o país. Ah, e o preço dos tours, na maioria dos passeios as crianças pagam 65%, mas os bebes não pagam. Isto quer dizer que facilmente uma família gasta 350€ se quiser fazer um tour de dia inteiro num autocarro climatizado. Já falaremos da opção de alugar carro ou viajar de taxi.
A nossa experiência em Cuba com crianças
Fomos para Cuba em pacote de 3+7, Havana e Varadero. Não seria de todo a nossa preferência sem a Maria, mas os filhos chegam à nossa vida e mudam tudo. Sempre achámos que os 7 dias em Varadero seriam facilmente convertidos em 1 noite em Cienfuegos e outra em Trinidad. Até que chegámos a Havana e dedicámos a primeira manhã a uma free walking tour. Primeiro percebemos que não eram 3 dias em Havana, mas sim 2, já que o terceiro dia é para o transfer para Varadero cedo. Depois percebemos que Cuba está com várias restrições, algumas do bloqueio dos EUA, algumas ainda da pandemia e outras como consequência da invasão da Rússia na Ucrânia.
Percebemos que os autocarros da Viazul esgotam com bastante antecedência e que para alugar carro teriam que ser no mínimo 5 dias e com a crise de combustível o último dia seria passado na fila para atestar. Podem sempre negociar um taxi em exclusivo, mas a maioria deles não tem grandes condições. Nós fizemos um tour para Viñales num de 12 lugares (somos 6) e foi desconfortável. A ida a Cienfuegos e Trinidad ficou logo condicionada a outras condições de conforto. Só que conforto é igual a tour de ”luxo” e isso converte qualquer uma numa despesa de mais de 100€ por cabeça.
Comecemos por Havana, tivemos que mudar de quarto de hotel porque o primeiro tinha alcatifa. A Raquel percebeu logo que era varrida e não aspirada e ficou claro que a Maria não ia gatinhar ali. Seguiu-se a viagem de taxi até ao centro e a insinuação de que podíamos ir os 4 adultos e as miúdas no mesmo, porque elas iam ao colo. Na free walking tour foi o calor. Passámos todo o tempo à procura de sombra e a lutar contra buracos e passeios muito altos para o carrinho, nada que não possa acontecer em Lisboa. Em contrapartida foram todos super queridos com a Maria.
A free walking tour para nós acabou um bocado fora de horas. Fomos almoçar à Casa Oriental, sugestão de Su, a nossa guia. Alimentar as crianças não foi difícil já que havia frango e arroz. Gostávamos de ter ido antes ao Floridita, mas como tem música ao vivo ia dificultar a sesta numa bebé já a sofrer jetlag. Difícil foi pensar em estender a tarde para continuar a explorar a cidade. Acabámos por regressar ao hotel para um mergulho de piscina e descansar.
Fica o gosto amargo de sentir que não explorámos Havana como devíamos. Aliás, no nosso estilo de viajar em países culturalmente ricos como Cuba provavelmente precisaríamos duma semana só na capital. Espetáculos como Buena Vista Social Club e Cabaret Tropicana não deixam entrar menores.
Quanto ao tour de Viñales negociámos um tour privado, mas saímos tarde. Os taxis não têm cinto nem AC. As janelas vão abertas, mas depois entra e entranha-se o cheiro a combustível. A Maria almoçou as sobras do jantar na primeira paragem. Apesar de não nos arrependermos de ter ido, sabemos que foi duro para a bebé. Regressámos fora de horas e a Maria voltou a deitar-se tarde. Jantou sobras do almoço, e ainda teve energia para fazed um espetáculo de dança na gelataria.
Em Varadero houve cuidados redobrados com o sol. O buffet não era bom, mas para ela houve sempre massa e legumes. Não consideramos que tenha tido uma alimentação adequada, já que os legumes notava-se que eram enlatados. Como não é assim por rotina compensa-se no regresso. Havia fruta, mas ou demasiado verde ou demasiado pisada.
Dicas e recomendações
Recomendamos que estudem bem o que querem fazer. Vejam os quilómetros a percorrer, a duração da viagem, percebemos que param sempre num sítio para vos fazer beber nem que seja um sumo, mesmo em viagens de duas horas, fazendo perder meia hora.
Como dizemos sempre vocês é que conhecem as vossas crianças e sabem o que elas toleram. Não interessa se na familia X puseram o miúdo numa mochila e fizeram o país de norte a sul, mas o vosso grita no marsúpio. Também pouco importa se os vossos vizinhos só foram a Cayo Guillermo com os tres filhos com menos de 13 anos e correu lindamente, mas vocês odeiam praia. Também não devem ouvir as pessoas que insinuam que devem fazer um pacote de praia com Havana, se vocês só querem desfrutar da praia e do hotel tudo incluído. E quem sabe despachar (os pais merecem sempre umas horas de paz e papo para o ar) os miúdos no kids club por umas horas.
Pensem nas opções disponíveis, ir por vossa conta ou por pacote de agência.
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365 dias no mundo estiveram em Cuba de 20 a 30 de março de 2022