A série Mallorca Files conta-nos as aventuras de dois polícias na ilha de Maiorca. Uma característica engraçada, ele é alemão e ela inglesa. E agora, se não conhecem a série, perguntam vocês: alemão e inglesa, a que propósito? Maiorca (Majorca ou Mallorca) tem grandes comunidades alemãs e britânicas. Chegaram nos anos 60, como turistas ou para residir, principalmente pelo clima e relação qualidade/preço. Isto tudo para vos dizer que em Maiorca nem todos os estrangeiros são turistas, e muitos são poliglotas. Nota-se muito a influência desta imigração.
E como chegámos nós a Maiorca? Sabíamos que era uma ilha de água mais quente que o nosso Algarve e igualmente transparente, mas não era de todo a nossa primeira opção nas ilhas mediterrânicas. A Covid-19 trocou-nos as voltas à última hora e em Espanha tínhamos entrada garantida com testes antigénio negativos. Podemos dizer que não tínhamos noção do que iríamos encontrar e estamos muito satisfeitos.
Maiorca faz parte das ilhas Baleares, juntamente com Menorca, Ibiza e Formentera. Muita gente refere-se à ilha pelo nome da sua capital Palma (de Mallorca), mas essa é das partes menos interessantes a conhecer na ilha.
Com a Maria tão pequena e nós ainda com saldo negativo em horas de sono, tornou-se inteligente dividir a estadia ao meio e explorar em duas partes, sem grande pressão.
A nossa semana:
Dividimos a exploração da ilha em 4+4 dias. Primeira parte em Santanyi, Cala d’Or, e a segunda na Serra Tramuntana. Era essencial para nós ficarmos em zonas calmas da ilha e acertámos. Como tínhamos carro alugado a logística estava facilitada e fomos a vários sítios por dia.
Ficou parte por explorar e já sabemos como o queremos fazer numa próxima oportunidade.
Onde ficar:
É importante saberem o que querem. Maiorca é fundamentalmente um destino de praia. Alojamento não falta e para todos os gostos. Há resort’s, apartamentos, hotéis boutique, hotéis de grandes cadeias internacionais, pensões, quintas, pousadas, e até podem dormir num catamarã.
Quem gosta de resort e do modelo tudo incluído deve escolher Port Alcudia, Palma, ou qualquer praia famosa com grande areal. Quem quer fugir das multidões deve escolher um meio mais pequeno com acesso a calas ou uma finca (quinta). Nós dividimos a nossa estadia entre um resort com meia pensão, fora dos centros turísticos habituais, e um hotel boutique na serra.
Em Santanyi ficámos no Alua Suites La Roca. Tinha aberto há pouco tempo e foi um tiro no escuro… Apesar de ter falhas por ser tão recente o serviço ao cliente foi óptimo. Deram-nos um apartamento no piso térreo, por causa do carrinho, com acesso direto à piscina. O jantar do primeiro dia ficou guardado no restaurante à nossa espera, apesar de termos chegado tarde. Tínhamos fruta, pão, carnes frias e salada. Quanto à meia pensão, as entradas e saladas variavam pouco, mas os pratos principais sim. Junto ao restaurante tinha uma piscina só para adultos.
A segunda estadia foi no La Posada del Marqués, na serra. Já se trata dum segmento diferente. Casa tipo palacete, decorada adequadamente. Apesar do ar algo barroco, encaixa no que se espera. O pequeno almoço é variado e saboroso. O restaurante estava fechado na altura. Como cortesia deram-nos vinho à chegada e fomos sempre atendidos com simpatia. Tinha piscina. Talvez por ser um negócio familiar, já se notava o desgaste natural de coisas como colchões e cadeiras da piscina, que exigem um constante investimento.
O que fazer:
Também aqui podemos dizer que há atividades para todos os gostos, além de poderem apenas aproveitar os dias para fazer praia. As praias são muito boas, entendemos perfeitamente essa opção.
Praia
Sejam de areal ou rocha, as praias são o ponto forte de Maiorca. Não descobrimos nenhuma página específica para isso, mas basta apenas irem ao Google Maps procurar as últimas fotos para perceberem se há algas. Recomendamos que “estudem” a praia antes para perceber se é fácil estacionar, se o estacionamento é pago, se é uma praia selvagem ou nudista, com bons acessos, se enche muito, etc. Sobre o nudismo, é uma atividade muito forte em Maiorca. Vimos vários nudistas em praias cheias de famílias ou grupos de amigos, mas não se preocupem, não se torna incómodo.
Grutas
Consideramos imperdível ir às grutas, mas também já ouvimos dizer que em tempos pré-covid era uma atividade muito apinhada e que se tornava pouco agradável. Nós fomos às Cuevas del Drach e recomendamos. A visita termina com um concerto junto ao lago Martel. O passeio de barco estava suspenso devido à pandemia.
Farol de Formentor
Não chegámos a ir mesmo até ao farol porque a fila de carros ainda era longa (com a Maria há que gerir horários), mas recomendamos a visita ao Cabo de Formentor. O farol é de 1863, fica 200 metros acima do nível do mar, e a sua torre tem 22 metros de altura. No Hotel Formentor (de 1929) organiza-se um encontro literário (Conversaciones Literarias de Formentor), onde o nosso Saramago participou e foi relembrado em 2021, por ocasião do centenário.
Explorar Palma de Maiorca
A cidade de Palma tem praias, mas se forem a outras praias diríamos para explorarem apenas a cidade. A catedral, o palácio, os jardins do rei, o palácio Bellver, perderem-se pelas ruas, irem ao mercado (Santa Catalina), comerem um gelado enquanto caminham. Nós deixámos a maior parte de Palma para uma próxima visita, com mais calma. Apanhámos a catedral fechada e então decidimos deixar a maioria das coisas para outra vez.
Viajar de comboio Palma-Soller
Temos a dizer que aqui estamos um pouco de pé atrás. Sabíamos que andar de comboio seria impossível, então fomos só à estação de Palma esperar o comboio e vê-lo partir. À hora de partida ainda não tinha chegado, e após dez minutos de atraso desistimos. A Raquel viu um episódio da série que se passa a bordo do comboio e temos pena de não ter feito a viagem.
Viajar no elétrico Soller-Port Soller
Podem começar a viagem em Palma, de comboio, e terminarem em Port Soller, de elétrico. Este tivemos a sorte de ver num relance quando estávamos a sair.
Povoações
Devem aproveitar para conhecer uma ou outra cidade à beira mar. Jantem, andem pelas ruas, sintam o ritmo dos maiorquinos a beber as suas cervejas numa esplanada. Explorem também as povoações da serra. Podem ficar mais no interior da ilha, mas são super charmosas.
Muitos recomendam Deià, Valldemossa e Fornalutx. Nós também gostámos de Banyalbufar, Soller e Pollença.
Deià é uma cidade onde adorámos a praia, mas sempre com os sapatinhos de água para entrar. Desfrutámos de uns belos mergulhos e de marisco saboroso, com bastante sombra e conforto para a Maria. A Cala de Deià só tem a chatice de não ter areal (são pedras), por isso optámos por reservar mesa de almoço no restaurante e não sair de lá toda a manhã. Muitos artistas viveram aqui, como Robert Graves.
Fornalutx é a cidade melhor conservada de Espanha, e tem inúmeros prémios que atestam este título. É uma cidade antiga, já povoada por árabes, tendo mais de 1000 anos. Daqui é fácil acederem à famosa trilha de GR221, por isso é um bom destino ou poiso para caminhantes. Nós jantámos junto à praça principal, onde turistas e habitantes locais se misturavam a beber cañas. Comemos uma maravilhosa e gigante salada césar no Bar Deportivo, mas havia imensas esplanadas. Nota-se que muitos turistas optam por ficar aqui em Airbnb ou hotéis. Sendo uma vila turística a oferta é grande.
Valldemossa fica na serra, e é uma mistura de cidade medieval com cidade de interior. Chopin esteve aqui em 1838 com George Sand. O casal viveu pouco tempo no mosteiro cartuxo com os filhos da escritora e a sua ama. Passaram aqui dezembro de 1838 e partiram em fevereiro de 1839. Chopin não foi inteiramente feliz em Maiorca, esteve muito deprimido, compôs, namorou, desfrutou da paisagem da ilha, sentiu-se isolado, ficou bastante doente e teve muitas saudades da família, talvez pela época festiva. O mosteiro ainda conserva os pertences do músico na cela onde viveu.
Banyalbufar fica na serra, mas à beirinha do mar. O árabes chegaram e construíram casas e um sistema de irrigação que ainda hoje existe. Isso levou a uma produção forte de vinhas. Podem visitar pequenos produtores de vinho como Son Vives ou C’an Pico. Devem visitar a Torre de Ser Animes, que serviu para protecção contra piratas no séc. XVII. Nós vimos o por-do-sol junto ao mar e foi um momento calmo e relaxado que recomendamos. A descida até ao ponto ideal é que só nos fez pensar no momento em que teríamos de voltar a subir.
Pollença é uma das mais antigas localidades. Pode-se visitar o Convento de Santo Domingo, os Jardines de Joan March, gratuitos e junto ao convento, o Museo de Pollença, dentro do convento, a Iglesia de la Mari de deu Del Angels, a Puente Romana, o Mercado de Pollença, el Calvario de Pollença (365 degraus) e o Oratori de Sant Jordi, onde o povo se reunia antes de partir para defender a costa.
Explorar a serra Tramuntana
A serra de Maiorca é simplesmente imperdível. Explorem as vilas, como dissemos em cima, mas também as estradas. Vejam as vinhas, as plantações, as construções, parem para ver a vista.
Estrada Sa Calobra
Para quem não tem problemas com enjoos, recomendamos vivamente que façam a estrada Sa Calobra, a cobra que ziguezagueia até descer à praia homónima. Mesmo com estômago fraco vale a pena descer, porque o que vão encontrar no final é realmente único.
Gastronomia de Maiorca
Confessamos, testámos zero… Ao almoço comíamos saladas ou sandes, ao jantar ia variando.
Pratos típicos:
Sobrasado: este enchido testámos numa pizza. Também vinha na tábua de queijos e enchidos do pequeno-almoço da pousada. É bom, mas levemente picante. Serve-se em pão.
Frito Mallorquin: um prato feito com miúdos (fígado, pulmões e coração)
Tumbet: um gratinado de legumes
Gató mallorquín: é um pastel de farinha de amêndoa. No verão serve-se com gelado de amêndoa e no inverno com chocolate quente.
Ensaimada: é uma espécie de pão doce. Pode ser servido com o café.
Depois temos sempre os pratos de peixe e marisco.
Majorica
São de Maiorca as pérolas artificiais da Majorica. A fábrica fica perto das grutas de Drach e podem ser visitadas no mesmo dia.
Eduard Heusch, alemão, quis democratizar as pérolas, conseguindo produzi-las de forma artificial e a um preço acessível. O processo criado por Heusch precisava de mar, artesãos e funcionários talentosos, daí ter criado a Majorica em Maiorca.
Academia de Ténis de Nadal
Imaginem que gostam de jogar ténis e que são fãs de Nadal. Conseguem juntar as duas coisas na ilha, sabiam? O tenista maiorquino tem uma academia e programas para adultos e crianças. Por curiosidade vimos que um fim de semana para dois adultos em meia pensão fica à volta de 500€. Também existe o Rafa Nadal Museum Xperience. O museu custa 18€ por adulto e é grátis até aos 8 anos. Ambos ficam em Manorca, de onde o atleta é natural.
Há muito mais que ver, claro, mas este resumo servirá de ponto de partida para artigos mais específicos.
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365 dias no mundo estiveram em Maiorca de 28 de julho a 5 de agosto de 2021.
A Cala da capa dá mesmo vontade de largar tudo e ir para Palma de Maiorca.
Não é? E há várias assim.