Já vos falámos dos itens essenciais para viajar com uma bebé de até seis meses, já falámos de ser fácil ou difícil viajar com bebés e agora queremos falar da fase seguinte. Como é que se faz para alimentar um bebé em viagem.
O nosso testemunho pessoal é de amamentação exclusiva até aos 6 meses e introdução alimentar mista (ou seja, versão tradicional misturada com BLW). Para mim era essencial que tivesse uma boa relação com comida, para o Tiago a prioridade era ela comer de forma segura. Após os 5 meses e duas semanas a Maria passou a ser extremamente curiosa com a nossa comida e também queria morder a fruta. Talvez por serem coisas que pegávamos com a mão ela tentava agarrar também. Deixámos, comeu ameixa e melão em Maiorca. Quando dizemos comeu falamos de provar. Só estas duas frutas para existir um intervalo aceitável entre as duas e para percebermos eventuais reações alérgicas.
Fase de amamentação:
Esta fase é fácil, se forem das mães descomplicadas que amamentam facilmente fora de casa e em “público”. Não digo com isto que é para andar nua da cintura para cima com a criança agarrada à mama (se quiserem, podem), mas sim que não se importam de amamentar em qualquer lado. Aqui deste lado é assim. Com algum pudor, mas sempre em qualquer lado. A Maria já mamou em quase todo o lado possível, desde visitas guiadas, museus, supermercados, transportes públicos, rua, jardins, salas de espera, esteticista, restaurante, palácios… geralmente tento lembrar-me de vestir roupa que facilita o momento para não me expor demasiado, e agora no inverno, não apanhar frio.
Se a nossa realidade fosse de tirar leite com bomba para lhe dar incluiríamos na nossa rotina a bomba, os sacos do leite, os sacos esterilizadores, uma caneta para escrever nos sacos e os biberões para servir o leite. Isto se fosse tirar para servir no imediato e congelar o excesso.
Se a nossa realidade fosse dar leite artificial seria ferver a água e preparar o biberão de leite. Teríamos que andar com água, biberões, sacos esterilizadores, doses de leite, talvez um termo ou um aquecedor de biberões.
Em viagem tudo se faz, só teria que existir o cuidado de levar o material necessário e ter condições para esterilizar ou ferver água. Não conhecemos a realidade fora da amamentação exclusiva, mas parece-nos que esta é a forma mais prática em viagem. O leite está sempre pronto e à temperatura certa.
Fase de introdução alimentar:
As nossas expectativas eram diferentes. Eu (Raquel) achei que era mais intuitivo e o Tiago não estava preparado para pensar em horários e ver a bagunça do BLW.
Em casa é fácil. Gere-se o material necessário, a cadeira com pousa pés (muitas vezes nos restaurantes e alojamentos não têm esta parte ou não é ajustável), compram-se os babetes e utensílios como pratos e colheres. Até a gestão da ementa e a confeção é mais facilmente gerido.
Fora de casa tudo o que referimos acima é preciso pensar: Levo a cadeira? Levo os utensílios? Os babetes levem, e vários. Nós dizemos vários porque raramente há um babete que sobreviva imaculado ou aceitavelmente limpo entre refeições e um bebé faz muitas refeições (a Maria faz pelo menos 4, mas habitualmente 5). Nós optámos por, dependendo da viagem, levar os pratos e colher para a refeição ser um momento que ela reconhece, mesmo fora de casa. Pontos negativos, perdem-se itens neste faz mala, desfaz mala, tira prato, embrulha prato sujo, e os pais saberão como coisinhas tão pequeninas são caras. Quanto à cadeira, uma de viagem dobrável pode fazer falta na fase de menos de 12 meses, porque eles podem ser demasiados pequenos para as cadeiras de alguns locais.
Até aos 12 meses as restrições são várias, algumas mantêm-se até aos 2 anos como o açúcar e o mel. Isto faz com que não seja possível chegar a qualquer restaurante e pedir uma sopa ou um prato para o bebé. Nós optamos por levar comida para os primeiros dias, legumes cozinhados ao vapor, sopas, croquetes ou hambúrgueres de carne ou peixe, panquecas, fruta, boiões, purés de fruta embalados, aveia e pouco mais. Os boiões e os purés de fruta embalados são salva vidas caso alguma coisa corra mal, como ficarmos mais tempo na rua que o esperado. Não os damos com regularidade (são caros e em viagens corridas desperdiçamos metade por não ter onde conservar convenientemente a sobra). A Maria é uma bebé que odeia sopa passada, gosta de coisas que consiga agarrar e levar à boca. Isto dificulta as coisas porque uma sopa mete-se num termo e há sopa para todo o dia. Vantagem, a Maria não se importa de comer a comida fria. Então é essencial ter legumes cozinhados cortados em pedaços pequenos adequados à idade, a proteína em croquete, hambúrguer ou desfiada e depois massa (não damos muito arroz) ou outra coisa como batata, quinoa, ou um xerém e fruta. Podem sempre optar por grelhados e pedir para não por sal. E água, muita água. Andar sempre com o copo ou garrafa atrás. Em países onde a qualidade da água vos parece duvidosa comprem água engarrafada.
Se o vosso bebé ama purés ou sopas escolham um alojamento com cozinha e levem uma varinha mágica, bebés como a nossa exigem uma cozinha mais elaborada, mas por um lado com criatividade é possível cozinhar um só prato que dê para os 3. A parte importante é comprar bons ingredientes e frescos. Vejam onde são os mercados, são locais óptimos para conhecer em viagem. Ajuda-nos a perceber o que se come nesse local e permite-nos conviver com quem é de lá.
Podem comer fora, não pensem que ficam restringidos a comer sempre no alojamento, mas tentem manter os horários. No nosso caso isso quer dizer que os jantares ficam quase retirados da equação, porque a rotina salva-nos as noites. E, se não têm filhos, acreditem em nós, a privação do sono é um pesadelo. Se têm, digam lá, concordam?
Esta é a parte principal, mas há que ter alguns cuidados, principalmente em algumas zonas do planeta.
Cuidados:
- se o vosso bebé tem alergias, levem a medicação habitual;
- cuidado com ingredientes novos, façam a introdução alimentar como habitualmente;
- se não dominarem a língua cuidado no supermercado com a composição dos alimentos;
- cuidado com a confecção dos alimentos, uma intoxicação alimentar é sempre má, mas parece-nos mais dura fora de casa;
- nos restaurantes perguntem se acrescentam algo aos purés ou frutas, em alguns sítios podem adoçar a fruta com açúcar e aí já não ser adequado ao bebé;
- seguro de saúde, na nossa perspectiva é essencial, acidentes acontecem, alergias também e pode ser necessário recorrer a cuidados médicos;
- consulta do viajante, falar com o pediatra ou médico de família.
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